Polêmicas em casamento coletivo com casal gay no Rio Grande do Sul
Cerimônia
inédita será realizada no Centro de Tradições Gaúchas
Imagens do Centro de Tradições
Gaúchas Sentinelas do Planalto, em Santana do Livramento (RS), onde será
celebrada a união gay - Reprodução
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PORTO ALEGRE - Graças à juíza Carine Labres, o Rio Grande do Sul terá seu primeiro casamento gay na sede de um CTG — Centro de Tradições Gaúchas, o local é considerado como um santuário para os tradicionalistas do estado. Mas o evento, marcado para setembro, precisará de um reforço na segurança devido a indignação dos tradicionalistas, que não aceitam que a cerimônia se realize num templo do gauchismo.
O evento reunirá 30 casais, sendo um
deles formado por duas mulheres, no segundo matrimônio coletivo de Santana do Livramento,
a cerca de 500 KM de Porto Alegre. A união vai ser realizada na sede do CTG em
13 de setembro, justamente quando se iniciam as comemorações da Semana
Farroupilha.
A pressão dos tradicionalistas,
porém, foi tamanha que o casório esteve ameaçado de reunir apenas os parceiros
heterossexuais. Dos quatro casais gays antes interessados em participar do ato,
três desistiram com medo das consequências que poderiam haver em suas vidas
pessoais.
O presidente do Movimento
Tradicionalista Gaúcho (MTG), Manoelito Savaris, não quis se pronunciar sobre o
assunto por entender que se trata de “falsa polêmica” para desmoralizar a
valorização dos costumes gauchescos. Mas deixou claro seu descontentamento em
um editorial publicado na página do movimento. “Para casamentos no interior dos
galpões (dos CTGs), desde que sejam entre tradicionalistas e que as cerimônias
ocorram no modo tradicional, sejam elas civis ou religiosas, não há qualquer
restrição”. Para ele, o conceito de moderno tem privilegiado o que é
“anárquico, alternativo, bizarro”.
Para a juíza Labres, a utilização de
um CTG para o casamento coletivo foi uma forma de homenagear as tradições
gauchescas, comemoradas na terceira semana de setembro em todo o Estado, e como
“uma mensagem de tolerância”.
— Não se trata de provocação, pelo
contrário. A presença de casais homoafetivos nesses eventos deve ser encarada
com naturalidade, já que se trata de uma união respaldada por lei federal. A
família deve ter por base o afeto e não apenas o gênero dos parceiros —
justificou a juíza, que oficiou a Procuradoria Criminal de Santa do Livramento
para que garanta a integridade do casal homoafetivo inscrito na cerimônia
coletiva. Ela pedirá reforço à Brigada Militar no dia do casamento.
O “patrão” do CTG Sentinelas do
Planalto, Gilbert Saldívia Gisler, concordou com a cerimônia, mas fez uma
advertência a todos os casais:
— Beijo aqui dentro, não mesmo. Se
quiserem se beijar, tem que ser da porta pra fora.
Fonte: oglobo.com
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